A fase de forte expansão do consumo das famílias brasileiras em 2010 deverá sofrer um desaquecimento no início de 2011, o que promete trazer reflexos para o resultado final do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano. A projeção consta do Relatório sobre Indicadores Antecedentes de setembro de 2010 elaborado pelo Silcon Estudos Econômicos para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
De acordo com estimativas de especialistas, a riqueza gerada no País neste ano deve crescer de 7% a 8%. Segundo o professor e economista Cláudio Contador, autor do relatório, no primeiro semestre de 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) teve o melhor resultado da história, crescendo 8,9%. Para 2011, embora os indicadores apontem para um ambiente econômico ainda tranquilo, o avanço deverá ser menor entre 4,5% e 5%.
“Apesar de sofrer uma desaceleração, a demanda interna brasileira continuará a ser um dos fatores de sustentação da economia”, disse o economista. Ainda segundo ele, um dos motivos é a ascensão da classe C que passou a ter maior participação no consumo de bens, entre eles os duráveis.
De acordo com o economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Emilio Alfieri, após um longo período de crise financeira internacional, a previsão de crescimento menor em anos subsequentes já era esperada. “Em 2009, a economia brasileira praticamente parou. Então, é natural esse aumento de 7% ou 8% em 2010. A desaceleração prevista para o ano que vem não significa recessão, mas uma acomodação. A volta de um crescimento que vinha ocorrendo antes da crise”, afirmou Alfieri.
Comércio – No varejo, o desempenho positivo ou negativo varia de um segmento para outro (veja tabela). O desaquecimento do comércio de São Paulo, de modo geral, foi encerrado em outubro de 2009. No fim do primeiro semestre deste ano, a taxa de crescimento do volume de vendas acumulada em 12 meses atingiu 10%. Segundo o Relatório sobre Indicadores Antecedentes, a expansão deve perdurar até o fim de 2010.
No entanto, previsões preliminares indicam que é provável uma reversão no primeiro trimestre de 2011 com uma fase de desaquecimento. “O índice vem baseado em dados econômicos de vários indicadores, incluindo pesquisas da ACSP sobre o otimismo dos consumidores. Muitos já sentem que o crescimento será mais tímido no ano que vem”, disse o economista da ACSP.
Metodologia – O sistema de indicadores antecedentes é divulgado trimestralmente a partir da análise de diversas variáveis macroeconômicas – entre elas salário real, emprego, juros e otimismo dos consumidores – que sejam capazes de prever ou gerar mudanças em fases cíclicas.
Fonte:DComércio